A posição geográfica não é das melhores pelo menos em termos de geopolítica: cercada de potências como China, Rússia e Japão, a Coréia sofreu sucessivas invasões e, desde 1953, vive dividida em duas. Acima do paralelo 38 fica a República Popular Democrática da Coréia, ou Coréia do Norte, ainda muito fechada para o mundo capitalista. Do outro lado da fronteira mais vigiada do planeta está a República da Coréia, conhecida como Coréia do Sul de onde vêm os Hyundais e Samsungs que consumimos aqui no Brasil. Entre as duas, um clima permanente de tensão.
Na Coréia do Sul, o turismo sofre (embora sofrer não seja o verbo mais adequado) as conseqüências de uma disputa bem mais interessante: o país dividiu com o Japão o título de sede da Copa de 2002, a primeira realizada na Ásia. Quem viaja para lá continua se esbaldando com o resultado dos investimentos na recauchutagem geral de hotéis, meios de transporte e atrações. Além, é claro, de poder visitar os estádios moderníssimos que vimos entre um bocejo e outro na TV e a infra-estrutura erguida na capital, Seul, para os Jogos Olímpicos de 1988.
A sociedade coreana funciona sob influência das diversas religiões praticadas no país. Jardins e templos budistas são um alívio para o frenesi das cidades grandes, totens xamanistas espantam maus espíritos na entrada de cidades menores e milenares crenças confucionistas ditam as regras da etiqueta coreana, que está entre as mais cerimoniosas do Oriente. Mas não há motivo para temer as gafes: o milenar código de conduta do país dita que não se deve zangar com os visitantes que não conhecem as regras de comportamento. Ou seja, além de todas as outras qualidades, a viagem é uma moleza.
SEUL
A capital que tem capital até no nome. Seul, a cidade dos palácios e arranha-céus.
Seul é uma cidade com enormes áreas de prédios e letreiros luminosos despontando no horizonte, rios de cabecinhas negras correndo pelas calçadas das ruas de grande movimento, complexos de shopping centers imensos abertos quase 24 horas e uma sede de consumo e de produção high-tech muito considerável.
Mas também pode ser traduzida por seus parques sossegados como o Namsan ou por seus acolhedores templos budistas, como o Jogyesa, o maior da cidade. Os sul-coreanos são discrestos e envergonhados, chegam a rir de nervoso quando você pede uma informação em inglês na rua. E olha que pedir informações sobre ruas é uma constante numa cidade onde elas não têm nome.
No emaranhado de ruelas da região de Insadong, a cultura hi-tech dá lugar à "velha Ásia". Ali não há luminosos, nem espigões, nem magazines gigantescos. Apenas tavernas de comida tradicional coreana, casas de chá apinhadas de ervas perfumadíssimas, antiquários e galerias de arte.
A rua principal do bairro é a Insadong-gil, mas é nos bequinhos que a cortam que estão os restaurantes de comida de vó coreana. Absolutamente tudo o que se pede para comer na Coréia do Sul vem acompanhado de kimchi, o célebre picles de repolho (há, acredite, um Kimchi Museum no subsolo do Coex Mall, o maior shopping da cidade). Outra iguaria local é a ppeondaegi.
Estranha palavra para algo ainda mais esquisito: larva de bicho-da-seda frita. Parecem baratas e vêm em saquinhos de amendoim. Uma delícia, a julgar pela cara de satisfação dos fregueses. Para beber, o seju, um parente turbinado do saquê, é destilado na Coréia do Sul há pelo menos 700 anos.
A cultura coreana é tão impenetrável para nós quanto a japonesa, com a diferença de que somos bem menos familiarizados com ela. Comparar Seul com Tóquio faz sentido e é até inevitável, uma vez que o país esteve sob domínio japonês por 30 anos (1910-45).
Começaremos o percurso pela capital, Seul para depois continuar pelo Centro e Sul da República da Coréia. Concluiremos em uma rápida visita pela Ilha de Chejudo.
NORTE
SEUL
É o maior atrativo do país. Tem-se convertido em uma moderna cidade cosmopolita salpicada de restos antigos como templos, pagodas, etc., os quais dão-lhe esse peculiar marco de atemporalidade.
Da Torre Namsan, em cima da montanha de mesmo nome, pode-se divisar a cidade de Seul.
Entre os lugares que destacamos para o visitante está o Palácio de Kyongbok, construido em 1392 e, devastado por um incêndio em 1592 durante a invasão japonesa, finalmente, foi reconstruido em 1867. Ali também encontra-se o Museu Folclórico Nacional, o Museu Nacional e não longe dali, os Reais e Ancestrais Altares de Chongmyo, envoltos em um parque cheio de árvores, que acolhem os anscestrais tablilhas dos 27 reis e rainhas da Dinastia Yi.
Outro dos palácios importantes de Seul é o Palácio de Changdok, um dos mais conservados, residência da família real da Coréia. Ali encontra-se o Jardim Secreto com pavilhões, tanques e preciosas pontes de pedra dignas de admiração.
O Museu de Arte Moderna encontra-se no Palácio Toksu. O Parque da Págoda aloja à famosa Págoda Koryo de 10 andares e o Sino de Seul.
Para o sul do rio Ham encontra-se o Estádio Olímpico, que tem capacidade para 100.000 espectadores.
AS APROXIMIDADES DE SEUL
Por outro lado, um dos atrativos de tremendo interesse histórico da península são as Fortalezas da Montanha de Seul. Os seus muros podem chegar até os 7 metros de altitude e encontram-se muito bem conservadas. A fortaleza norte, caracterizada pelas suas maciças portas chama-se Pukhansansong e a sul Namhansansong, perto da cidade de Songnam, ao leste de Seul, ambas constituem um espetáculo incomparável para o turista.
Perto dali, encontram-se os Túmulos Reais da Dinastia Yi, envolvidos por esculturas talhadas em granito, que representam animais místicos e reais.
SUWEON
Esta cidade fortificada tem sido recentemente reconstruida e representa um legado histórico incomparável. Dali pode visitar a aldeia Tradicional Coreana, que representa modelos de vivenda tradicionais que incluem atelieres e templos.
A aldeia de Panmunjom é interessante, por ser o lugar onde pactuaram a trégua na linha de cessar de fogo, nos finais da Guerra da Coréia e onde ainda discutem sobre a reunificação da Coréia.
CHUNCHEON (O NORTE DA CORÉIA)
Na zona dos lagos do norte da Coréia está Chuncheon, capital da província de Kangwon-do. Uma impressionante zona montanhosa onde desfrutará da formosa paisagem dos lagos Soyang e Paro e os Parques Nacionais de Sorak-sam e Odae-san.
Cascatas, templos, ermitas, estátuas budistas, misturados com uma exuberante natureza, são a atração diária daqueles que desfrutam com os mistérios asiáticos.
Uma excursão interessante muito popular é a visita ao Observatório da Unificação, desde onde poderá desfrutar das melhores vistas da Coréia do Norte e as Montanhas Diamante.
CENTRO DA CORÉIA DO SUL
Podemos iniciar o percurso na capital da província de Chung Cheong Nam, Taejon. Perto dali encontram-se numerosos templos e formosos parques nacionais.
O maior Buda de pedra do país que data do ano 968, encontra-se em um templo perto de Nonsam e é famoso pela sua estrutura de granito de 18 metros de altitude. Se quiser fazer uma excursão de filme, pode-se chegar através de uma ponte de cordas de aço entre as paisagens rochosas que levar-lhe-ão a descobrir as maravilhas que oferece o Parque Provincial Taedun-san.
Outro Buda de 33 metros de altitude encontra-se em um dos maiores templos da Coréia. O Templo Popju-sa, construido recentemente sobre outro. Encontra-se rodeado das inacreditáveis vistas do Parque Nacional Sogri-san.
Conta a lenda que três mil damas arrojaram-se ao rio Paek, desde uma colina em Puyo, última capital do reino Paekje (hoje ergue-se ali um museu), para não ser capturadas pelos invasores durante o império Paekje. Dali pode-se visitar Kongju, onde nos anos 70 encontraram um importante túmulo. A cidade está rodeada de templos entre montanhas de bosques e arroios cristalinos.
KYONGJU
Nesta cidade encontrará magníficas vistas de beleza sem igual e relíquias históricas nos seus templos, estátuas budistas e desenhos nas rochas. O lugar mais interessante é o Parque dos Túmulos, que conta com 20 túmulos reais. Nas montanhas que vão desta cidade a Pohang, na costa leste pode-se encontrar numerosas relíquias do reino Silla.
Frente à costa sul da praia Taebam está a pequena ilha rochosa de Taewaeng-am.
TAEGU
Em Taegu encontra-se um dos maiores mosteiros e mais populares do país. Não pode deixar de vê-lo.
No meio do Mar Oriental que separa Coréia do Japão encontra-se a misteriosa ilha de Ullung-do, à qual poderá chegar através de um Ferry, desde a cidade de Pohang, na costa leste.
O SUL
PUSAN
É o porto principal da Coréia e a segunda cidade em importância. Desde a torre que leva o nome da cidade, poderá contemplar belas vistas. Cerca dali encontra-se um dos maiores templos da Coréia, entre impressionantes paisagens de montanhas, o Togdo-sa.
No meio docaminho da paisagem de montanha que extende-se ao longo da costa sul da Coréia encontra-se Yeosu. Dali poderá chegar a uma inacreditável zona de ilhas e penínsulas que formam parte do Parque Nacional Hallyo.
No sul também poderá visitar a moderna cidade de Kwangju e o Porto pesqueiro de Mogpo, na ponta sudoeste da Coréia continental.
ILHA DE CHEJUDO
Dali poderá chegar à ilha Chejudo, que conta com uma história própria e um vulcão chamado Halla, na montanha mais alta da Coréia do Sul e outro conhecido por Sogwipo, no qual também há uma impressionante catarata de nome Chong-bang. Ali contar-lhe-ão algo sobre o enígma das pedras dos avôs, talhadas na rocha de lavra "harubang".
Cheju é a capital da ilha onde achará casas feitas de pedra de lavra. Também gozará da possibilidade de chegar a outras muitas pequenas ilhas de beleza natural.
Outra ilha interessante, célebre pelas suas algas, é a ilha de Wando ligada a terra firme por uma ponte.
A representação mais perfeita da Coréia está justamente no centro da sua bandeira, no círculo dividido ao meio. O vermelho na parte superior simboliza o Yin (o masculino, o ativo, o céu, o dia), e o azul, abaixo, o Yang (o feminino, o passivo, a terra, a noite). Na junção dos opostos, a harmonia entre as duas forças cósmicas que regem o universo.
Mas essa imagem de dualidade poderia também simbolizar as diferenças gritantes entre a modernidade da capital Seul e a paisagem rural, embora tecnologicamente avançada, das regiões montanhosas que ocupam grande parte do país. Ou entre a indústria pesada de Ulsan e o universo das aldeias tradicionais. Ou ainda a divisão da pequena península mergulhada no Pacífico entre Coréia do Norte e Coréia do Sul, o último rincão do planeta ainda dividido por questões ideológicas.
Na chegada a Seul, porto de entrada no país e umas das maiores cidades do mundo, os contrastes já se tornam evidentes. Um passeio a pé coloca lado a lado a torre Jongno, marco da arquitetura moderna da cidade, que oferece uma das vistas mais espetaculares do local, e o mercado Namdaemun, onde roupas e sapatos baratos e de qualidade inferior dividem espaço com brinquedos, ervas medicinais e souvenires.
Ainda no centro da cidade, jovens lotam a rua Insa-dong, famosa por suas lojas de antiguidades, galerias de arte e barracas de comida típica, enquanto a poucos metros monges budistas entoam mantras no templo Jogyesa.
Tudo isso envolvido todo o tempo pelo barulho do trânsito, pela fumaça e, na primavera, por uma atmosfera em preto-e-branco, criada pela poeira amarela vinda dos desertos da Manchúria, que encobre todo o país. À noite, isso perde importância perto do colorido infernal do neon, que ilumina a cidade inteira. Mas a aparente atmosfera de modernidade revela suas limitações para os jovens coreanos, pouco interessados em qualquer espécie de literatura, música ou arte ocidental ou moderna. A moda também desperta pouco interesse, embora as vitrines sofisticadas ocupem muito espaço.
O futebol, por outro lado, faz parte do vocabulário de todo mundo. De 30 pessoas ouvidas pela Folha, 21 citaram o esporte como o seu predileto. Mas logo na primeira entrevista, Park Jin-sun, que trabalha como vendedor em uma loja de departamento, não hesitou em citar o futebol de Maradona como a primeira imagem que associa ao Brasil. Uma exceção: a imagem dos brasileiros vem sempre ao lado do futebol, do Carnaval e do samba, e Pelé, Rivaldo e Ronaldinho já ocupam espaço no imaginário popular.
A comida é um mundo à parte, que não permite qualquer comparação com os vizinhos japoneses e chineses. Os temperos picantes, presentes do café da manhã ao jantar, agridem o paladar dos ocidentais desavisados. Arroz, algas, cogumelos e vegetais curtidos em condimentos misteriosos compõem o café da manhã, junto com o Kimchi -preparado de acelga com alho e outros temperos que se faz presente na mesa coreana nas três refeições. Nos mercados e nas ruas, o ginseng e o chá dividem as atenções com opções bem menos sofisticadas, de larvas de insetos a cascas de árvore e folhas de sabor insípido. Para a sobremesa, um sorvete de chá verde ou doces de arroz e mel são as melhores opções.
Fora de Seul, as luzes são menos intensas, mas ainda assim a tecnologia de ponta sobrevive lado a lado com as paisagens rurais. Os lugares mais tradicionais, e mais interessantes, aliás, estão distantes das cidades grandes e dos estádios moderníssimos construídos para a Copa.
Nos arredores de Gyeongyu, a 4 horas de trem ao sul de Seul, por exemplo, ficam alguns dos templos mais belos do país e a aldeia de Andong, que recebe diariamente centenas de turistas interessados em conhecer as casas construídas de modo tradicional.
Sem preocupação com a avalanche de turistas estrangeiros (os chineses invadirão as sedes da Copa), os pequenos vilarejos praticamente não se prepararam. A comunicação é impossível mesmo para quem fala inglês, e qualquer passeio independente deve considerar o tempo que se perde buscando a rua certa, o restaurante, que qualquer ocidental vai ser incapaz de identificar apenas pela placa, e o ônibus para ir embora.
Nas cidades industriais, bem mais áridas, a comunicação é mais fácil, mas os atrativos diminuem. Em lugares como Ulsan, que hospeda o Brasil em sua chegada a Coréia, um serviço criado especialmente para a Copa oferece tradução gratuita do coreano para inglês, japonês e chinês nos táxis e hotéis de pequeno porte que têm o adesivo "free interpretation" na entrada. O sistema é simples: um telefone celular dentro do táxi ou na recepção do hotel conecta o turista a uma central que faz o serviço de tradução.
Mas a cidade oferece pouco mais que um centro tomado por refinarias de petróleo, montadoras, estaleiros e indústria de maquinaria pesada, quase tudo dominado pela Hyundai.
Entre as cidades onde haverá jogos, Seogwipo é a que mais tem a oferecer ao turista. Localizada na ilha de Jeju, a 2 horas de vôo de Seul, Seogwipo está rodeada de cachoeiras, vulcões, piscinas de águas termais, templos e praias.
A ilha se orgulha de abrigar a montanha mais alta da Coréia, o vulcão Halla. Paraíso dos casais coreanos em lua-de-mel, considerada o Havaí da Coréia, onde o inglês é falado por toda parte.
KOREAN FOLK VILLAGE
A vila possui exemplos de construções dos mais variados estilos de todo o país, assim como lojas de artesanato, um templo budista, uma escola confucionista e uma praça de mercado.
GYEONGJU
Por mil anos, até o século X, foi a capital da dinastia Silla. Atualmente a cidade parece um museu a céu aberto. São templos, tumbas, palácios, castelos e jardins espalhados por toda a cidade. O Parque Tumuli, no centro da cidade, possui uma enorme área murada com vinte tumbas reais. Próximo ao parque, o Cheomseongdae é um pilar de pedra, e é considerado um dos mais antigos observatórios no leste asiático.
Coréia do Sul
O buda de pedra, conhecido como Namsan, fica em Daegu, Gyeongbuk. O budismo é uma das principais religiões.
Fonte: terra, geomade, rumbo.